Veio a alforria: os tambores soavam avisando que o tempo do cativeiro acabara. No entanto, o negro liberto encontrou-se sem sustento e sem moradia. O que fazer? Após a exploração covarde o negro foi deixado à própria sorte, sem a infraestrutura mínima necessária para garantir uma sobrevivência digna. O cativeiro é substituído pela exclusão social e os negros, após erguerem a nação, passaram a ser considerados um obstáculo para o desenvolvimento do Brasil, e mais uma vez, se viram obrigados, por meio de uma rotina fatigante, a buscarem o seu sustento, cuja fonte seria o mar.
Beira mar
Ê beira mar ... Ê beira mar...
Não me deixe faltar o que comer
Nem o que sonhar...
Ê beira mar ... Ê beira mar...
Acode no meu caminhar...
Livre sou, homem sem senhor...
Mas sem rumar
Ê mar, vem me acalentar
Ê beira mar ... Ê beira mar...
Acode no meu caminhar...
Ê beira mar ... Ê beira mar...
Manda um peixe ao meu lançar
É duro o meu batalhar
Ê beira mar ... Ê beira mar...
Acode no meu caminhar...
É no teu balanço
Que sinto o meu libertar...
É de sangue o meu lacrimejar
Mas, é meu dever avançar...
Ê beira mar ... Ê beira mar...
Acode no meu caminhar...
Jailson Almeida